sexta-feira, 28 de novembro de 2008

um texto fresquinho pra vocês

Turma, são 5:51 da manha de sábado e eu sei que nenhuma pessoa com o mínimo de sanidade posta nada essa hora, mas fazer o que,esse texto simplesmente saiu, digo, é óbvio que ele teve algumas influencias básicas, ou quem sabe até motivos, mas isso é irrelevante para vocês, o legal é que conforme eu fui escrevendo ele foi tomando forma, então eu meio que me apropriei de um mito, mudei, transformei em fábula, não sei mais o que, e me lembrou muito a ultima aula e de certa forma até o dicionário de verbetes imaginários, então to postando ele pra vocês, espero que gostem e que comentem ^^
P.S. Eu nem passei o revisou de texto, se errei alguma coisa muito feio a culpa é do horário....


" Apenas mais uma história para dormir"


- , me conta uma história?
- Conto sim, que tipo de história você quer Aninha?
- A , eu quero uma de amor...
- Tudo bem, tudo bem, eu conto uma de amor pra você, e essa é uma das mais antigas que eu conheço:
O corpo movia-se lentamente, em um movimento quase cíclico, conhecido, mas não rotineiro, digno de um dançarino profissional, e a borboleta, como que acompanhante, dama, dançante, seguia o movimento em seu exato oposto, como uma réplica, como o outro lado de um espelho invisível, imitando a suavidade dos gestos.
Assim como Apolo e Diana antes do primeiro eclipse das eras, seu encontro parecia relutante, impossível, e sua eterna dança forçada a repetir aqueles segundos mágicos sem entretanto nunca se encontrarem para chegar ao apogeu do espetáculo. Mas efêmeros em preocupações, ambos, homem e borboleta seguiam seu ritmo marcado ao som da doce melodia das horas.
Breve, mas não ansiosamente esperado, o Sol limpou do céu as estrelas coadjuvantes e invejoso raiou seu dia para os homens, mas homens, tolos e sábios apaixonaram-se pelo impossível e encantados esperavam a esperança de seus conflitos nascerem do improvável toque do homem com a borboleta. E foi com calor no coração que os homens então voltaram para suas famílias aquele dia.
Mas o homem da borboleta não voltou, e não sentiu a queda da temperatura. Seu olhar se encontrava distante, mais distante do que qualquer outro olhar do homem já havia estado e ainda assim o que mirava estava a poucos centímetros de seu rosto, a beleza. Ele mirava a beleza da borboleta e a cada novo relance captado apaixonava-se novamente, incansavelmente e prosseguia a dança, dia após dia.
Houve tempo em que até os animais detinham-se para ver o espetáculo, espantados em ver aquela dança, bela, provocante, e brincavam com a idéia do possível alem do imaginável, e eles também se sentiam em parte dançarinos, leves e belos, a bailar com suas vidas e desejos, encontrando inspiração para seus instintos e melodia para o seu viver.
Invejoso da beleza que inspiravam na sua dança, Apolo uma noite aproximou-se do homem e lhe sussurrou, quase tão devagar quanto os movimentos da dança que tentava interromper:
- Vede tua borboleta Icáro, vede como ela tem marcas em suas asas, como se fossem as cicatrizes de um antigo ferimento, vede como ela perde o brilho quando não refletida na luz da lua, vede que sois para ela nada mais que mais um humano. Queres ela tanto assim? Tome-a, segure-a em tuas mãos e não deixe com que nunca mais voe.
Mas Icáro nem por um momento alterou sua dança e ignorou as advertências do ciumento Deus Sol, que insatisfeito transformou-se em um pássaro e na língua dos seres alados foi então ter com a borboleta:
- Amiga de asa, que fazes aqui junto a esse humano? Você já andou com humanos antes lembra-se, foi assim que conseguiu essas horríveis cicatrizes. Porque não faz como eu que sou livre e belo, e livre-se dessa dor e desses homens.
E a borboleta sentiu o peso das verdades que o Deus disfarçado havia lhe dito e lembrou-se de um passado não tão distante, onde da mesma forma se aproximara de um humano que lhe prometera tudo pelos olhos, mas que com as mãos havia ferido tão profundamente suas asas, e por um momento a tristeza ocupou seu coração, e vendo isso os olhos do pássaro - apolo brilharam mais forte.
Uma nuvem de chuva se formou sobre os dançarinos e com o peso das memórias da borboleta pesadas lágrimas de chuva despencaram do céu enegrecido criado pelo perverso Deus. A borboleta assustada então fugiu na vastidão do infinito. Fugiu por horas da chuva e por dias do homem, que ignorante de sua história continuava a dançar na esperança de que quando a chuva cessasse voltaria a vê-la.
A dor, tanto nos homens quanto nos bichos não é fácil de se tratar, de se curar e a borboleta sentia isso a cada dia que passava separada de seu homem e de sua dança, perdida nas horas silenciosas da solidão, vagando de oásis em oásis em busca da paz que deixara lá com o homem na hora em que decidiu fugir, e foi num desses oásis que um bondoso riacho falou á borboleta:
- Tu tens belas cores borboletinha e mais encantos nessas duas asas que eu em toda a minha extensão, mas sou mais feliz que ti porque sigo meu destino em rumo ao mar enquanto você foge do teu destino e da tua dança só porque o medo assim te aconselhou. Nunca ouviste borboletinha que o medo é um mau conselheiro? Nunca reparaste que depois do caminho de espinhos é que a beleza da rosa aparece? Tu talvez não assim o saiba, mas teu homem, inconsolável homem,que dançou a tua espera por dias até que a fome lhe tolheu o espírito, sabe dessas verdades, e em busca de ti pediu emprestado o meu das abelhas e as penas dos pássaros para fabricar para si, pobre criatura, asas, e agora alça vôo entre os alados para te procurar.
Enquanto isso Icáro em suas asas já havia percorrido com os olhos até o horizonte e voltado, e não encontrando sua intocada companheira angustiava-se demasiadamente. Seus pensamentos eram sombrios e os conselhos do medo novamente se fizeram ouvir nessa triste história. Agora ele estava determinado que a busca por sua borboletinha valia mais que qualquer outro risco que já correra e, esquecendo-se, ou fingindo esquecer-se das recomendações do pai, partiu em direção ao Deus Sol a fim de inqueri-lo sobre o paradeiro de sua pequena amada.
A partir de agora a história tem vários finais, todos tão possíveis quanto a história em si, mas gosto de acreditar que a borboletinha começou a sentir um pouco do que o homem sentia por ela, e vendo a desengonçada figura dele voar no horizonte canalizou toda a dor que sentia para as pequenas asas, e vencendo a barreira do medo atingiu o homem justamente no momento em que suas asas começaram a derreter.
Desesperada a borboletinha pranteou a pele já meio queimada de Icáro e sua queda eminente e num misto de raiva e dor gritou em sua direção em uma língua híbrida, tanto humana quanto dos bichos para que pudesse entender: - Tolo! Porque fizeste isso???
E enquanto caia o humano respondeu:- Porque eu queria te ver.

- E é assim que a história acaba ?
- A maioria das pessoas diz que sim Aninha, mas eu acredito em outra coisa... Eu acredito que enquanto ele caia, a Deusa Athena se apiedou dele e colocando os dois no chão, curou-lhes as feridas e transformou a borboleta em uma linda mulher, e quando acordaram, Icáro reconheceu no corpo da mulher sua borboletinha e ela por sua vez reconheceu a ele.
- E eles viveram felizes para sempre?
- Bom aninha, isso eu já não sei. Você tem que entender que finais felizes não vem prontos, mas são construídos no dia a dia. Mas eu me lembro da expressão no rosto de Icáro enquanto ele se perdia nos olhos escuros daquela mulher borboleta e era mais bonito que a dança porque dessa vez eles enfim se tocaram, e se o que eu vi aquele dia continua até hoje, bem, então eles são felizes para sempre...
- Você tava?- Tava Aninha, mais isso é outra história...


Will.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hm... Aninha, borboleta, pq td me parece familiar? rs
Bjos

Amandinha disse...

Willlllllllllll............
5:51 vc acha que é hora para estar escrevendo, tem que estar no 10° sono, rs, mas no seu caso, esse texto ficou lindíssimoooooooooooooooooooooooooooooooooo..............
Pq será que me senti tanto dentro desse texto,"...e a borboleta, como que acompanhante, dama, dançante, seguia o movimento em seu exato oposto, como uma réplica, como o outro lado de um espelho invisível, imitando a suavidade dos gestos..."
Talves minha paixão incontrolável por borboletas, a dança tão compartilhada, esse amor tão perto e tão distante, movido pelo ciumes de um 3º elemento, mas o conselho de um experiênte......Talves quem sabe!!!
Enfim, só sei que amei esse texto, e já o tenho comigo!!!!!
Vô, me conta uma história?
Bjus