domingo, 9 de novembro de 2008

Literatura e Publicidade

A utilização de versos sempre foi uma das características da nossa propaganda, e coube àqueles que conheciam as técnicas poéticas criar as primeiras mensagens publicitárias, a maioria em formato de convite, como a do Café Fama, de Casimiro de Abreu - o primeiro poeta brasileiro a fazer anúncios:

Ah! Venham fregueses!
E venham depressa
Que aqui não se prega
Nem logro, nem peça.

Antes dele, uma das mensagens pioneiras a estimular a venda de produtos, já legitimando o caráter mercantil da publicidade, veio certamente da mão de um bardo popular, ainda que se desconheça a sua autoria:

Quem quiser coisinhas boas
Venha ao Largo do Rocio
Na causa do Albino Dutra
A melhor de todo o Rio.

Olavo Bilac foi um dos poetas mais requisitados pelos anunciantes em sua época. Não foi à toa que coube a ele, ufanista e defensor do serviço militar obrigatório, os versos anunciando a primeira fábrica nacional de velas, já que em fins do século passado o Brasil importava desde palitos de dente até alaúdes:

Pátria independente exulta
Temos a vela brasileira.

A Bilac também se atribui uma quadrinha famosa - e pela qual recebeu polpudo pagamento - , que promovia um produto em expansão nas primeiras dácadas do século XX, o fósforo, vendido exclusivamente em farmácias:

Aviso a quem é fumante
Tanto o Príncipe de Gales
Como o Dr. Campos Salles
Usam Fósforo Brilhante.

Nesse exemplo, já notamos qua a utilização de figuras públicas em peças publicitárias foi, desde outrora, um recurso extraído do universo literário. Explorou-se tanto a citação que, atualmente, há uma saturação de testemunhais com artistas de novela, modelos, jogadores de futebol, pseudopersonalidades, e eles continuam invadindo os mass media.

Extraído do livro Redação Publicitária, João Carrascoza

That's all
Maysa

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