quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Cinema brasileiro por R$2,00

A nona edição do Projeta Brasil da Rede Cinemark acontece no dia 3 de novembro. Desde 2000, em toda primeira segunda-feira de novembro, a Cinemark - a maior operadora de cinemas do país - dedica um dia inteiro ao cinema nacional, exibindo em suas salas as mais recentes produções brasileiras. Neste ano, o IX Projeta Brasil acontece em 363 salas de 44 complexos da Rede,apresentando filmes lançados entre novembro de 2007 e outubro de 2008. Os ingressos custam apenas R$ 2, e toda a verba arrecadada é revertida para projetos de incentivo ao cinema. A iniciativa homenageia o Dia do Cinema Brasileiro e quer chamar a atenção do público para a produção cinematográfica nacional.

“Meu Nome Não é Johnny”, de Mauro Lima; “Ensaio Sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles; “Última Parada 174”, de Bruno Barreto; “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas; e “Era Uma Vez...”, de Breno Silveira, são alguns dos títulos participantes desta edição.

(Fonte: Assessoria de Imprensa - Cinemark)

Vamos!
Maysa

NEON (microconto)

A maquiagem escorria pelas estradas enrugadas.
Na cama desfeita, acendeu um cigarro. E chorou.

Renato Dias

terça-feira, 28 de outubro de 2008

# 1


Amplie
Para ver. Para ler. Para entender?
Cage: aula 1

Maysa

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poema apresentado em sala

Achei por bem publicar o poema que li na sala para melhor apreciação do mesmo, constando no final um link para sua versão original (em ingles) e outro link com uma pequena biografia (wikpédia para agradar a professora) do autor que não soube citar na hora.

Invictus

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini

original: http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g97_ingles/invictus_william_henley.html

Biografia:http://pt.wikisource.org/wiki/Autor:William_E._Henley

Abraços a todos
Will.

P.S. começei uma campanha "Quem é amigo comenta" com o intuito de incentivar os comentários aos textos de nossos colegas. Comente e seja um amigo você também.

REFLEXÃO !!!























Não saber por onde começar,
Não saber o que fazer,
Não saber como agir,
Simplesmente sentir

Deixar que as palavras tomem conta do seu interior
Saborear o elixir da literatura
Fechar os olhos e viajar
No mar

Na imensidão
De permanecer na exatidão
Criando em mim uma tensão sem noção
Em um poema de especial atenção

A linguagem tem a sua própria canção
Que deixa no coração
Dos apaixonados a sensação
De não ter fim.

Autor: Amanda Maia

"Cadáver Esquisito"

O amor é como um brinquedo
No exato, implícito, sentido
Ocorre logo rápido cara metade, né!
...?
Meu amor foi embora
Simplesmente Eu
Por ser verde cor de abóbora
O rato mata o tato
Eu prefiro as borboletas
Luar lugubre
Danço sobre as linhas do meu salão
A verdade está lá fora
TIC-TAC, TIC-TAC, concebeu
E devagar suspirou
Solidão imaginária
Amor incenava paranóico
Caminhar e escrever sob a chuva.



Autor: A Turma da Sala Zero

excertos de textos (aula 02):

“Procura da Poesia” - Carlos Drummond de Andrade


Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


“Catar Feijão” - João Cabral de Melo Neto


Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebra dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco.


“Razão de ser” - Paulo Leminsky

Escrevo.
E pronto.
Escrevo porque preciso,
Preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

POESIA E POEMA – Octavio Paz, O arco e a lira

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história: em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não-dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Idéia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova de supérflua grandeza de toda obra humana!


Sobre a origem da poesia - Arnaldo Antunes
"12 Poemas para dançarmos" (12 poems to be danced: 2000)


A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não-poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. Como se ela restituísse, através de um uso específico da língua, a integridade entre nome e coisa — que o tempo e as culturas do homem civilizado trataram de separar no decorrer da história.A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representação rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades — significante e significado. Houve esse tempo? Quando não havia poesia porque a poesia estava em tudo o que se dizia? Quando o nome da coisa era algo que fazia parte dela, assim como sua cor, seu tamanho, seu peso? Quando os laços entre os sentidos ainda não se haviam desfeito, então música, poesia, pensamento, dança, imagem, cheiro, sabor, consistência se conjugavam em experiências integrais, associadas a utilidades práticas, mágicas, curativas, religiosas, sexuais, guerreiras? Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, projetado sobre um passado pré-babélico, tribal, primitivo. Ao mesmo tempo, cada novo poema do futuro que o presente alcança cria, com sua ocorrência, um pouco desse passado. Lembro-me de ter lido, certa vez, um comentário de Décio Pignatari, em que ele chamava a atenção para o fato de, tanto em chinês como em tupi, não existir o verbo ser, enquanto verbo de ligação. Assim, o ser das coisas ditas se manifestaria nelas próprias (substantivos), não numa partícula verbal externa a elas, o que faria delas línguas poéticas por natureza, mais propensas à composição analógica. Mais perto do senso comum, podemos atentar para como colocam os índios americanos falando, na maioria dos filmes de cowboy — Eles dizem "maçã vermelha", "água boa", "cavalo veloz"; em vez de "a maçã é vermelha", "essa água é boa", "aquele cavalo é veloz". Essa forma mais sintética, telegráfica, aproxima os nomes da própria existência — como se a fala não estivesse se referindo àquelas coisas, e sim apresentando-as (ao mesmo tempo em que se apresenta). No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermediam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação pois vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo. Segundo Mikhail Bakhtin, (em "Marxismo e Filosofia da Linguagem") "o estudo das línguas dos povos primitivos e a paleontologia contemporânea das significações levam-nos a uma conclusão acerca da chamada 'complexidade' do pensamento primitivo. O homem pré-histórico usava uma mesma e única palavra para designar manifestações muito diversas, que, do nosso ponto de vista, não apresentam nenhum elo entre si. Além disso, uma mesma e única palavra podia designar conceitos diametralmente opostos: o alto e o baixo, a terra e o céu, o bem e o mal, etc". Tais usos são inteiramente estranhos à linguagem referencial, mas bastante comuns à poesia, que elabora seus paradoxos, duplos sentidos, analogias e ambiguidades para gerar novas significações nos signos de sempre. Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis — os poemas — contaminando o deserto da referencialidade.

Incluído no libreto do espetáculo “12 Poemas para dançarmos”, dirigido por Gisela Moreau, São Paulo

domingo, 26 de outubro de 2008

Vamos comprar os caderninhos!

Drummond dá uma forcinha. A citação abaixo é de uma de suas crônicas publicadas no Jornal do Brasil:

"Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela."

(Entre palavras)

See you

Maysa

Proposta sobre algo que chamou a atenção

Pois então, postarei aqui a proposta da última aula, sobre algo que nos chamou atenção antes da aula.



A porta fechada
calor acrescido
Batem na porta
calor contido

O farol se fecha
ninguém se abre
tudo nas ruas
parece vaidade

Olhares lacrados
tudo é indevido
não fale nada



(Felipe Celline, o cabeludo mancebo do grupo, haha)

sábado, 25 de outubro de 2008

Chuva inspiradora


Cadê o cadáver esquisito?

Impermeável

Deixa a chuva molhar
E tudo devaneio mesmo
Quando tudo e chuva
Lava quando eu sangro
A flor se fecha
Antes de comê-la
Esconde seu nome
Revela um segredo de uma abelha
Onde estará está felicidade revessa?
Quando eu danço um tango
Com a solidão sem tanga
Da mágoa brota pus
Mazela que se abre
Como um sabre afiado
Abre passagem
Corta uma mecha
Do seu cabelo
Quase desfeito pelo vento
Apaga a vela
Abre uma brecha
Em meu joelho
Singelo elo
Compõe um ambiante aconchegante
Um quarto de quartzo
À parte para amar-te

(Ednei)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O convite

A folha branca convida
A paz comovida
A ausência de vida:
a ida

A subida
A curva
A descida
turva:
a queda

A linha
(reta)
na folha
cor de leite
O caminho
O convite
A seta:
deleite.




(Renato Dias)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

[Proposta] texto causado pelo poema de Ana C.

Palavras mancas, papel encardido
risco
nada mais tenho

Num bilhete descubro:
Está a minha espera, não sei porque
Risco
nada mais temo

tudo mais tenso
pisco
Vida branca, palavra manca


[por hi-fi]

domingo, 19 de outubro de 2008

Cavalos e cachimbos...


Agora vamos usar como fonte de criação, inspiração e destruição uma das marcas de nossos tempos: Nike. A "obra virtual" Ceci n'est pas un nike (fez parte da Bienal de 2002), da artista Giselle Beiguelman nos convida a interagir com os conceitos de imagem e de representação. Bem legal! Entre no site: www.desvirtual.com/nike.

+ Magritte
: ele é o "dono" do cachimbo (www.magritte.be)

Até mais!
Maysa

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

excertos de textos (aula 01):

1) Ana Cristina César (inéditos e dispersos)

 

Tenho uma folha branca

            e limpa à minha espera:

mudo convite

 

tenho uma cama branca

            e limpa à minha espera:

mudo convite

 

tenho uma vida branca

            e limpa à minha espera:

 

2) Fernando Bonassi – 100 histórias colhidas nas ruas

 

O que você fala para mim, você pode falar para o papel. O que você de você, você pode falar pro papel. O que você fala pra você, você pode falar pro papel. O que você fala das coisas em movimento e do movimento das coisas, isso também você pode falar pro papel. O que você não fala mas que fala através de você como um susto, você pode falar pro papel. Essa é a única diferença, se é que é uma diferença.