terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Relapsidão"

Olá para todos.
Queria pedir desculpas pela minha 'relapsidão' com seus posts, mas devo infroma-los que já comentei na maioria (incluindo os da Thais) e que a campanha "Comente e ganhe um amigo" continua em vigor. aproveitando o espaço eu vou postar o meu texto da ultima aula já que o da proxima ainda não está pronto. Alias, 'Fecer' você se incomoda se eu usar suas roupas suicidas no meu texto?

Eu e ela

E fico pensando em nós dois, dois, dois mil, dois milhões, dois, dois corpos entrelaçados em tuas ruas, dois amores fluentes entre suas veias de asfalto. Respiro, respiras? Como gostaria que o fizesses. Como gostaria que virasses carne, carne concreta como o teu concreto, carne branca como o teu cal e tinta, carne lisa, carne curva, carne litoral norte, salgada pelos banhos de mar, salgada e a respirar.
Que coisa mais louca desejar-te, que coisa mais louca proclamar-te minha, como eu teu rei por direito e berço, rei sem reino, sem súditos, só rei, rei e criador, criador de tua realidade, rei que vê em teus grafites, em tuas pixações, as sardas de teu rosto nu, de teu corpo amante, amado. Rei louco, desvairado, sonhador. Sonhador que sonha com teu toque, com teus lábios peregrinos, bandeirantes, cantores, cantantes.
Cidade, corpo, corpo, rosto, rosto, mulher. Deslizo por tuas curvas, apaixono-me em teus olhares, tuas cores de inverno, teu sorriso de verão, teus cabelos de sol poente, levemente enrolados, sorridentes, sorrio de volta e beijo teus ombros de esquinas delicadas, teu pescoço de fêmea fértil, sinto teu cheiro de bosques e parques, teu sabor de café e hortelã, de massa, de virado a paulista, de mel, doce, indistinto e delicioso, indescritível.
E pasmo eu pisco, receoso de quebrar teu encanto, mas vejo que também piscas, e como piscas, piscas dias, noites, tardes vadias, piscas vida e morte por trás de armações e lentes, piscas faróis e semáforos, guias e catálogos, piscas amostras de artes e teatros, e intelectual, piscas rindo de meus desejos.
E fico pensando nas nossas noites, noites frias, noites belas, estreladas, onde as estrelas fazem as vezes de suas janelas acesas, e em suas janelas as vidas, as vidas que passamos juntos e as noites abraçados. Vazios, passeamos juntos pelas ruas eu e você, vendo a cidade dormir, dormir, que coisa chata, pensamos igual, atravessamos a noite e recebemos a aurora, juntos, carne e concreto, carne e carne, concreto e carne.
És mulher que se quer cidade, que se quer viva, que se quer mais, agora pelo menos és. Tens trejeitos delicados, tens língua, dentes, lábios, lábios, lábios, e quem sabe uma marquinha de nascença escondida atrás do cotovelo... Amas-me?

Um comentário:

.hi-fi. disse...

afasta-te
paixão de poeta não é paixão segura
...e qual é?

desejo em desejar
desejo de querer sentir mais do que o coração pode aguentar
cala-te

poesia? alma? etéreo?
virtude é admitir que se no coração não cabe
que no corpo sobre enlevo