sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Imaginário urbano


A cidade oculta

Às vezes preferia ser mirmecófilo. Ou um ciclope, para não poder ver tudo. Não estar ciente do cílicio da cidade. Elas sim são organizadas, as formigas.
Começa a formigar o fronte e a cicatriz cimbra de acordo com o cimento, ciumento porque comecei dando a impressão de algo bucólico.
Por querer uma cidade virente, não cineriforme, onde chicoteiam chicórias.
Entre seus muitos predicados, destacam-se os prédios que cindem o céu cirrífero, que cerram minha vista para cinosura. A elite clipeiforme simula não ver nada. O que eles ciciam? essa oclofobia me incomoda, chique e o chiqueiro da elite.
A jusante do clivo ronceiro, para não ser presa da pressa, cinjo o cinema inundado pela chuva, ocupado por ciganos. O clima na clínica, que outrora outorga o incerto, um outono em um outdoor ,Outono no mês de outubro, um outono que mais parece inverno.
Naquele dia estava com pressa, o motivo não me lembro, talvez seja a chuva tudo ensolarava naquele instante. Talvez seja imbrífero, mas deveria algo de importante para ser feito. Nem sempre é ruim obedecer os relógios, nem sempre é cansativo estar atrasado e por vezes até é bom andar correndo.
É claro que se esta história tivesse só o objetivo de dizer que quase tudo deu certo, que não fui atropelado pelo atro e que consegui depois de tudo chegar onde devia, sem nenhum atraso, não haveria graça e nunca aprenderia que ás vezes ter pressa e bom. Já viu que no fim todos chegam independente da pressa, e a vida não é sempre o que vem depois .Quanta vida perdeu-se esperando pelo que vinha, a depois, por que você não vive agora
Na bifurcação vou contra o fluxo, ando sem destino.
Ao invés do hesterno, tinha algum lugar para ir, pareço sentir meu esterno, essa cinesalgia do externo. Prefiro o ínvio onde o envidraçado não vitrifica meu visual. Não quero ser vítima do vítreo. Paro na gangarina, os vitrais parecem me perseguir. Faço um roteiro, antes tinha visto: gangorras destruídas, a gangue do gancho. Os assaltantes crivaram a parede de balas, vândalos no vão. Não estou na Amazônia, mas minha amaxofobia, parece diminuir.
Sou vápido, que falta faz uma cachoeira em cada esquina açoiteira. Onde o aço açoda um açude iria acudir dos acúleos férreos.

Ednei Pereira Rodrigues

Um comentário:

Will disse...

Dessa vez vcê caprichou hein? esse sem o dicionario não desce... Sei lá, acho importante você ser culto e sonoro ao mesmo tempo, mas não obstante, você sequer se preocupa se vão te entender ou só recorre sempre ao som hipnótico dos seus poemas, porque sem o som eles são bem mais dificeis de se ler...
Abraços
Will.